Tipos de câncer de tireoide: carcinoma papilar e folicular

Apesar da maioria dos nódulos de tireoide ser benigno, entre 5% e 10% deles são malignos, e o câncer papilar e o folicular são os tumores malignos bem diferenciados mais comuns da tireoide. A palpação do pescoço e a ecografia avaliam as características dos nódulos tireoidianos, enquanto a punção aspirativa com agulha fina é um método sensível, que permite o diagnóstico precoce de tumores malignos desta glândula, aumentando, assim, as possibilidades de sucesso no tratamento.

A cirurgia é a variável mais importante da terapia porque diminui o risco de recorrência e de disseminação da doença. A ecografia de região cervical (região do pescoço) realizada antes do procedimento cirúrgico identifica linfonodos cervicais suspeitos de acometimento por metástase. Em circunstâncias muito específicas, há indicação de tomografia computadorizada, que avalia mais precisamente a extensão do tumor em direção à laringe, traqueia, esôfago e mediastino. Se a tomografia computadorizada com contraste iodado for realizada, há necessidade de aguardar 4 a 8 semanas para a realização de dose terapêutica de iodo–131, tempo necessário para que o iodo do contraste seja eliminado do organismo. A tomografia por emissão de pósitrons, utilizando a fluordesoxiglicose marcada (FDG-PET), é reservado para casos excepcionais. Essa pode ser sensível em alguns indivíduos para a identificação de envolvimento cervical ou mediastinal, assim como para revelar metástases à distância. Existe a necessidade de cautela na interpretação da PET porque essa pode detectar linfonodos inflamatórios e isso reduz a especificidade desse exame.

Tipos de câncer de tireoide: carcinoma papilar e folicular

Após a cirurgia, o exame da peça cirúrgica estabelece o diagnóstico e permite a estratificação de risco. A American Thyroid Association (ATA) recomenda classificar os pacientes com câncer de tireoide como de risco baixo, risco intermediário ou risco alto de recorrência do tumor. A dose terapêutica de iodo – 131 está indicada em alguns casos e, para a sua realização, é necessário que todo o tecido tireoidiano tenha sido previamente removido.

Na avaliação clínica, a dosagem de tireoglobulina e os exames de imagem durante o seguimento permitem avaliar a resposta ao tratamento. A resposta é excelente quando não há evidência clínica, bioquímica (demonstrada pela dosagem de tireoglobulina) ou estrutural (evidenciada por massa tumoral identificada por exame de imagem) de tumor. É considerada bioquímica incompleta quando a dosagem de tireoglobulina é elevada ou os anticorpos anti-tireoglobulina se elevam, mas não há massa tumoral identificável pelos exames de imagem. A resposta é estrutural incompleta quando existe metástase loco-regional ou à distância identificada, e, indeterminada, quando há evidência bioquímica ou estrutural não específica, isto é sem a possibilidade de classificá-la como benigna ou maligna. A avaliação da resposta ao tratamento em qualquer fase do seguimento é utilizada para definir a meta de TSH desejada, a necessidade de outra cirurgia ou da repetição da dose terapêutica de Iodo-131.

É importante lembrar que a retirada da tireoide só deve ser realizada se existir total indicação, como nos casos dos tumores malignos desta glândula, visto que a mesma é muito importante para o funcionamento do organismo. Os nódulos benignos devem ser acompanhados pela palpação, por exames de sangue, por ecografia e, se, necessário por punção aspirativa. Preservar a tireoide sempre que possível é a melhor opção.

Reposição do hormônio tireoidiano em indivíduos submetidos à retirada da tireóide por carcinoma papilar e folicular

A reposição do hormônio tireoidiano T4 (levo-tiroxina) está indicada aos indivíduos que foram submetidos à remoção completa da tireoide, e o objetivo, nesses casos, é manter o hormônio estimulador da tireoide (TSH), dentro das metas desejadas de acordo com a estratificação de risco do indivíduo.

 

 

Dra. Maria de Fátima de Magalhães Gonzaga

Endocrinologista, com título de especialista pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia e mestrado em Ciências da Saúde pela Universidade de Brasília. Especialista em Clínica Médica, com experiência na área de Medicina Interna. Atualmente, é responsável pelo ambulatório de diabetes mellitus e pelo ambulatório de endocrinologia geral do Hospital Universitário da Universidade de Brasília. Atua como preceptora de ensino e coordenadora da Residência Médica em Endocrinologia e Metabologia na mesma instituição.


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Artigo publicado em 8 de fevereiro de 2017. Para ler mais textos sobre saúde, acesse nossa página de artigos.